Desde o advento do ChatGPT no final de 2022, o mundo corporativo tem buscado maneiras de integrar a inteligência artificial generativa em suas operações. No entanto, poucas instituições financeiras têm demonstrado a visão e a agilidade do BNY Mellon. Esta gigante dos serviços financeiros não apenas abraçou a IA, mas a transformou em um pilar central de sua estratégia, com a audaciosa meta de construir “IA para todos, em todo lugar”, em parceria com a OpenAI.
A abordagem do BNY Mellon não se limitou a experimentos isolados de tecnólogos. Pelo contrário, a empresa orquestrou uma verdadeira revolução interna, capacitando milhares de seus colaboradores e redefinindo a forma como os negócios são conduzidos. É uma prova de que a inovação pode andar de mãos dadas com a responsabilidade, mesmo em um setor tão regulado.
Por Que a IA é Crucial para o Futuro do BNY Mellon?
O BNY Mellon desempenha um papel fundamental na economia global, gerenciando, movimentando e protegendo ativos e dados em mais de 100 mercados. Com mais de 57,8 trilhões de dólares em ativos sob custódia, a confiança é, como Sarthak Pattanaik, Chief Data and AI Officer do BNY, bem coloca, “não negociável”. Diante de tamanha responsabilidade, a decisão de adotar a IA foi estratégica e fundamental para manter sua posição de liderança.
Em vez de esperar para ver o que aconteceria com a inteligência artificial, o BNY Mellon agiu de forma decisiva. Eles enxergam a IA não como uma ferramenta auxiliar, mas como o “sistema operacional da tecnologia” do futuro. Essa mentalidade proativa permitiu que a empresa criasse uma base sólida para a inovação, sempre com a segurança e a integridade em mente.
A Plataforma Eliza: IA ao Alcance de Todos os Funcionários
O coração dessa transformação é o AI Hub centralizado e a plataforma interna de implantação e educação de IA, batizada de Eliza. Esta não é apenas uma ferramenta; é um ecossistema projetado para empoderar. Com a Eliza, mais de 20.000 funcionários estão ativamente construindo agentes de IA, e a plataforma já suporta mais de 125 casos de uso ativos.
A Eliza combina o rigor de governança do BNY Mellon com os modelos de ponta da OpenAI, garantindo que os funcionários possam inovar com segurança e confiança. Como Pattanaik destaca: “Não estamos construindo projetos paralelos. Estamos mudando a forma como o banco funciona.”
Como a Governança Transforma a Adoção da IA em Sucesso
Em uma instituição da magnitude do BNY Mellon, a implementação de tecnologias transformadoras como a IA requer uma governança robusta. No entanto, em vez de ser uma barreira, a governança tornou-se um facilitador. Watt Wanapha, Deputy General Counsel, explica que uma boa governança permitiu que a empresa se movesse muito mais rapidamente.
O BNY Mellon estabeleceu grupos multidisciplinares que revisam continuamente os casos de uso de IA, incluindo um conselho de revisão de uso de dados, um conselho de lançamento de inteligência artificial e o Conselho de IA Empresarial. Essa estrutura garante que todos os riscos – desde propriedade intelectual até privacidade – sejam considerados antes da implantação em produção.
A Cultura da IA: Capacitação e Confiança
A governança em BNY Mellon vai além da supervisão; ela é intrínseca à interação diária dos funcionários com a IA. Todos os colaboradores concluem um treinamento obrigatório antes de usar a Eliza, e essa base é fortalecida com formações adicionais, desafios e suporte da comunidade. Atualmente, 99% da força de trabalho está treinada em IA Generativa.
Iniciativas como o “Make AI a Habit Month”, uma série diária de treinamentos de sete minutos, resultaram em um aumento de 46% no número de agentes construídos pelos funcionários. Michelle O’Reilly, Global Head of Talent, observa que “as pessoas se sentem capacitadas para resolver problemas por si mesmas”, o que gerou uma verdadeira mudança cultural na forma como as equipes operam.
Impactos Reais e o Futuro dos “Colaboradores Digitais”
Os primeiros agentes desenvolvidos na Eliza já demonstraram impactos significativos. O Assistente de Revisão de Contratos, por exemplo, reduziu o tempo de revisão legal em 75%, de quatro horas para uma, em mais de 3.000 acordos de fornecedores anuais. O Agente de Parceiro de Negócios de Pessoas oferece respostas rápidas sobre benefícios e políticas, melhorando a consistência e a precisão.
Além disso, a Eliza introduziu o conceito de agentes de IA avançados, que o BNY Mellon chama de “colaboradores digitais”. Esses “funcionários” digitais lidam com tudo, desde a validação de instruções de pagamento até melhorias na segurança do código. O papel do operador humano, agora, é treinar e nutrir esses colaboradores digitais.
Expandindo Fronteiras com ChatGPT Enterprise
Um grupo seleto no BNY Mellon está experimentando o ChatGPT Enterprise, utilizando recursos como pesquisa aprofundada para explorar novas formas de trabalho com IA. Isso permite raciocínio multi-etapa em dados internos e externos, impulsionando casos de uso como modelagem de risco e planejamento estratégico.
Watt Wanapha, Deputy General Counsel, afirma usá-lo diariamente como um “parceiro de pensamento” para questões jurídicas complexas. Para equipes de atendimento ao cliente, a pesquisa aprofundada, combinada com agentes, pode acionar acompanhamentos, rascunhar comunicações e agendar próximas etapas diretamente nos sistemas dos clientes.
Reflexões Finais: O Modelo BNY Mellon para a IA Empresarial
A jornada do BNY Mellon na construção de “IA para todos, em todo lugar” com a OpenAI oferece lições valiosas para líderes de IA em qualquer setor. A empresa demonstra que a integração da IA deve ser construída na estrutura organizacional, não apenas anexada como um complemento.
- Aproveitar estruturas de risco existentes: Em vez de criar governança de IA generativa do zero, o BNY estendeu seus processos legais e de conformidade maduros.
- Criar responsabilidade compartilhada: Conselhos multifuncionais revisam os casos de uso de IA, garantindo que os riscos específicos do domínio sejam considerados em tempo real.
- Tornar a governança visível e acessível: A interface da Eliza impõe marcação, telemetria, fluxos de aprovação e controles de acesso de forma intuitiva.
- Investir em cultura e consistência: Quase toda a força de trabalho foi treinada em IA responsável.
- Construir com o parceiro certo: A colaboração com a OpenAI foi crucial para navegar em questões novas e complexas.
Essa combinação de responsabilidade interna e parceria externa é um motor fundamental de crescimento. Como bem resume Pattanaik, é uma “ótima mistura” da pesquisa fornecida pela OpenAI e dos casos de negócios propositados pelo BNY. O futuro do trabalho, impulsionado pela IA, já é uma realidade no BNY Mellon, com a promessa de inovar produtos e personalizar ainda mais os serviços para seus clientes.
